Quase dois meses após a inauguração e um investimento de
aproximadamente 30 milhões de reais, o atacadista Spani causa transtornos aos
moradores do local. A obra com 8 mil m² trouxe prejuízos e muita dor de cabeça
às famílias que vivem ao redor da empresa.
O problema que mais atingiu os moradores da vizinhança diz
respeito à estrutura de suas casas que ficaram abalada por conta das
perfurações e implosões do morro onde foi construído o atacadista. Jorge Ramos
Barbosa, 65 anos, morador da rua Mem de Sá, que fica a poucos metros da saída
do estacionamento do Spani, pediu um acordo com o Spani, Desmontec e a
Contrutora Guimarães Torres, empresas envolvidas na obra. Segundo ele, a
solicitação foi de que as empresas consertassem o dano causado durante a obra.
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Acordo entre o aposentado Jorge Ramos Barbosa e o Spani |
O acordo foi escrito e assinado pelo engenheiro da
Desmontec, Flávio Zinato, e a representante da Construtora Guimarães Torres,
Natália Santos, também engenheira. As empresas dizem "se responsabilizar
pela manutenção da calçada na residência de Jorge Barbosa". Entretanto,
segundo Barbosa, os danos atingem também o muro da casa. "As companhias me
prejudicaram e foram embora; fui, então, obrigado a buscar o acordo com o
Spani", explica.
A reportagem do Foca Na Web retornou ao local, três dias
depois da data de início das obras conforme o acordo entre as partes. Porém o
muro ainda estava com rachaduras. Barbosa não foi localizado em sua residência.
Outras reclamações
O morro que havia
entre o Centro Esportivo Municipal Ubaldo Gonçalves (CEMUG) e o Bairro do
Poiares foi totalmente retirado para que o atacadista Spani fosse construído.
Durante as obras, as máquinas produziram muita poeira e
também barulho constante. Segundo a aposentada Claudia Rosa Feth, 79 anos, o
barulho lhe causou muita dor de ouvido. "Sou idosa e minha saúde é
debilitada", acrescentou. Claudia vive com a filha, Bernadete Feth, que
também reclamou da obra: "Tinha que limpar o quintal de casa várias vezes
ao dia, por conta da poeira".
Mas as reclamações
dos moradores no local não se resumem aos problemas causados durante a
construção do Spani. Agora, após inaugurado, os moradores reclamam do movimento
de pessoas e carros na região, o que preocupa a maioria dos residentes na área.
De acordo com Eduardo dos Santos, que mora no local há cerca de cinco anos e
vive com seu filho de dois anos, a paisagem mudou muito: "Antes tínhamos
crianças brincando na rua, agora só vemos carros".
De acordo com os
entrevistados, durante as obras não houve qualquer comunicação entre Spani e os
moradores locais. "A única coisa que ouvíamos falar por aqui era do
horário das implosões" - diariamente, havia detonações com interrupções do
tráfego na Rio-Santos a fim de pôr abaixo o morro que cedeu espaço ao
atacadista -, lembra a moradora Maria dos Santos, que reside na Rua João Café
Filho. "Tenho um problema de saúde que causa pulsações na minha cabeça, e
com o barulho dos dois geradores do Spani, eu não consigo dormir à noite",
desabafa.
O gerente do
atacadista Spani, Adimir Pereira, disse que todas as reclamações são
encaminhadas para as empresas, às quais foi solicitada urgência para a
manutenção destas casas. "A Desmontec irá cuidar disso, todas as famílias
serão atendidas. Não é possível consertar tudo de uma única vez, mas cada casa
será cuidada por vez", acrescentou.
O mercado já está com suas portas abertas ao público desde o
dia 17 de janeiro e funciona normalmente. Mas as obras ainda não terminaram.
Pereira contou que a calçada entre o Spani e a rodovia Rio-Santos ainda está em
fase de acabamento. “A prefeitura irá auxiliar na finalização dessa calçada,
estamos aguardando”, concluiu.