O que me torna jornalista?
As letras. Elas sim me dominam. O desenho geométrico de cada
letra, no perfeito compasso e harmonia que se encontra com outra letra formando
a palavra. É emoção. O conjunto categórico de palavras que se unem na dança de
uma frase. É liberdade.
Esta ligação de gramática, sentimento e construção do meu “eu”,
é o que me faz jornalista. É uma prisão.
Não daquelas tradicionais e morais que servem de punição. É
aquela prisão, que alguns chamam de amor, que só eu, e apenas eu, posso dizer
que não sei como deixar de amar. E não posso. Não quero.
A letra, a palavra, a frase, a expressão.
Do conjunto de regras que libertam e aprisionam conclui-se
no final o mais compensador dos sentimentos. O alívio.
Talvez eu ande de texto em texto apenas buscando, no fundo
de tudo, o meu alívio.
Incessante composição.
De hora em hora, só preciso me recompor, e compor, para por,
a expressão no balanço e na ordem que merece ser exposta.
É função do jornalista tornar a fragmentação do dialeto em um
jogo de realização? Quem se torna jornalista sem voltar a questão?