10/24/14 - Caraguá Beach
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Bem-te-vi, bom te ver

Carlos Augusto Rizzo onde mais gosta de estar. Observando os pássaros.

Binóculo, roupas adequadas para caminhada, boné e respeito pela natureza. Esses são os itens necessários para observar as mais de 300 espécies de pássaros catalogadas em Caraguatatuba, de acordo com o marceneiro e observador de pássaros, Carlos Augusto Rizzo, de 60 anos.

Para vivenciar essa experiência o Parque Estadual da Serra do Mar, oferece passeios – que devem ser marcados com antecedência – em diversas trilhas, onde podem ser observadas espécies raras, como o juruva. Rizzo ressalta a importância da vestimenta correta e, principalmente, do boné.  “O boné é obrigatório, porque o cabelo, simbolizando pelos acusando o observador como mamífero, ou seja, predador”, explica Carlos. O binóculo ou câmera são opcionais.  Segundo o observador, no restante das vestes o tom pastel é indicado por sua neutralidade e cores agressivas como o branco, por exemplo, devem ser evitadas porque espantam os animais.

Para promover essa interação com a natureza, sem afetá-la, os observadores utilizam uma isca sonora reproduzindo o som de determinado pássaro com um simples gravador. Dessa forma, o pássaro é atraído e os turistas podem tirar fotos. Mas há um detalhe importante: normalmente é possível visualizar mais espécies na volta da trilha, porque os animais já terão se acostumado com a presença dos visitantes em sua primeira passagem.

Essa prática além de curiosa transpõe barreiras. Carlos conta que trabalha com alunos que possuem necessidades especiais e que inclusive existem observadores cegos. As crianças demonstram grande empatia pela atividade. Esse exercício trabalha principalmente a paciência e a calma. Os observadores cegos trabalham essencialmente com a audição, que por sinal é extremamente aguçada, o que nesse ramo é uma grande vantagem. Porém, eles são acompanhados por guias devido as suas necessidades especiais.


Para colaborar com a preservação, Carlos visita escolas conscientizando a importância da natureza e dos animais. Para ele, essa abordagem é mais eficaz do que realizar campanhas contra gaiolas, caça, etc. Através desse método, o observador garante que é possível construir novos conceitos e quebrar paradigmas.

Texto: Ana Souza

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