04/04/15 - Caraguá Beach
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Moradores de rua: Aqui, a casa é na calçada





Ao chegar ao local, o repórter é surpreendido por um morador de rua, que, ao ser perguntado sobre a possibilidade de ser entrevistado, esbraveja: “Não, porque eu não sou nada, você não é nada e ‘eles’ não são nada para o governo”. O morador de rua se chama Cláudio, mais conhecido como corintiano. 

O “eles” ao qual ele se refere são os voluntários da Comunidade Católica Divina Providência, entidade onde moradores de rua são acolhidos e recebem alimentação todos os dias. Já nas terças-feiras, cinco desses voluntários saem às ruas para distribuir marmitas (cerca de 60 a 80) nos bairros e no centro da cidade.

Cláudio é apenas mais um dos 50 mil habitantes vivendo nas ruas do País, segundo site Unesp (Universidade Estadual de São Paulo). Só a capital paulista contabilizava 14.478 homens de rua, de acordo com o levantamento divulgado pela Prefeitura em 2011, sem contar com os andarilhos que estão dispersos nas estradas do País.

Segundo o responsável pelo projeto de atendimento aos moradores de rua de Caraguatatuba, Daniani de Oliveira, a instituição oferece também tratamento e abrigo para aqueles que querem sair das ruas, como Daniel, 49, ex morador de rua e ex alcoólatra, hoje ajudante na cozinha da Comunidade e morando no local. Quando questionado sobre qual o sentimento de ter sido ajudado e hoje retribuir ajudando, explica: “O sentimento de ser e me sentir útil. Nada pode ser mais importante que isso”.

Mas nem todos seguem o caminho de Daniel. Ao lado da Igreja Universal, no bairro Travessão, um grupo de cinco moradores de rua aguarda a chegada das marmitas distribuídas pela Comunidade. Fernanda, de aproximadamente 25 anos, sem muitos detalhes, relata ter perdido os filhos para o Conselho Tutelar. Ela já nem lembra mais há quantos anos mora na rua, e desabafa: “Não somos vagabundos, somos moradores de rua”.


A Comunidade Católica Divina Providência esta localizada no Bairro Rio do Ouro, próximo ao Horto Florestal, em Caraguatatuba. A entidade está sempre aberta para abrigar homens de rua e voluntários que se disponham a auxiliar no trabalho diário de atendimento a essa população.
























Foto e texto: Dayana Lima




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