Ao chegar ao local, o repórter é surpreendido por um morador de rua, que, ao ser perguntado sobre a possibilidade de ser entrevistado, esbraveja: “Não, porque eu não sou nada, você não é nada e ‘eles’ não são nada para o governo”. O morador de rua se chama Cláudio, mais conhecido como corintiano.
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Cláudio é apenas mais um dos 50 mil habitantes vivendo nas
ruas do País, segundo site Unesp (Universidade Estadual de São Paulo). Só a
capital paulista contabilizava 14.478 homens de rua, de acordo com o
levantamento divulgado pela Prefeitura em 2011, sem contar com os andarilhos
que estão dispersos nas estradas do País.
Segundo o responsável pelo projeto de atendimento aos
moradores de rua de Caraguatatuba, Daniani de Oliveira, a instituição oferece
também tratamento e abrigo para aqueles que querem sair das ruas, como Daniel,
49, ex morador de rua e ex alcoólatra, hoje ajudante na cozinha da Comunidade e
morando no local. Quando questionado sobre qual o sentimento de ter sido
ajudado e hoje retribuir ajudando, explica: “O sentimento de ser e me sentir
útil. Nada pode ser mais importante que isso”.
Mas nem todos seguem o caminho de Daniel. Ao lado da Igreja
Universal, no bairro Travessão, um grupo de cinco moradores de rua aguarda a
chegada das marmitas distribuídas pela Comunidade. Fernanda, de aproximadamente
25 anos, sem muitos detalhes, relata ter perdido os filhos para o Conselho
Tutelar. Ela já nem lembra mais há quantos anos mora na rua, e desabafa: “Não
somos vagabundos, somos moradores de rua”.
A Comunidade Católica Divina Providência esta localizada no
Bairro Rio do Ouro, próximo ao Horto Florestal, em Caraguatatuba. A entidade
está sempre aberta para abrigar homens de rua e voluntários que se disponham a
auxiliar no trabalho diário de atendimento a essa população.
Foto e texto: Dayana Lima