Estudante da escola Cynthia Cliquet contempla a Visão Costeira |
Poderia ser mais um
dia qualquer – ainda que fosse mediocridade minha dizer que os dias podem ser “quaisquer”
– mas, diante de um dia repleto de vários tons de azul, o céu estava azul
centáurea, típico de verão, porém no outono.
O mar era um azul royal, tornando
tudo a mais rica realeza, aquela que chamamos de natureza. As 8h da manhã de
uma quarta-feira, fui participar do Projeto Visão Costeira, em São Sebastião.
Quando a gente trabalha com comunicação e temos que retratar
a realidade para outras pessoas, nos deparamos com situações maravilhosas como
um passeio de escuna socioambiental por puro trabalho, haha.
Pra quem não conhece, o Projeto Visão Costeira surgiu em
2004 com alguns alunos da UNIBR, uma faculdade de São Sebastião. Estes universitários
quiseram dar a oportunidade para jovens estudantes do ensino fundamental a
terem uma aula especial. Eles iriam passear de escuna por toda a costeira da
cidade, e descobrir os mistérios, histórias e problemas ambientais que por
terra eles não saberiam que existem.
A bordo da escuna e junto com cerca de 50 estudantes do 9°
ano da Escola Municipal Cynthia Cliquet Luciano, embarquei numa verdadeira sala
de aula em alto mar. Partindo do bairro São Francisco, indo até o Farol do
Moleque e retornando para a Praia das Cigarras, foram tantas informações que eu
poderia dizer que nunca estive em São Sebastião de verdade.
O idealizador do Projeto Visão Costeira é o Secretário de Meio
Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito do Rego. Ele é responsável por toda
aula histórica que é dada aos alunos que deixam-se levar pelo ronco do motor da
escuna e a paisagem litorânea da cidade. Um fato curioso pra mim foi descobrir
a existência da marina Igararecê, que possui até postos de gasolina flutuantes!
Inclusive um é da Petrobrás. Imagino quantos milhões cada “barquinho” daquele
não custa. Sonho que não cabe em mim.
O Secretário de Meio Ambiente de São Sebastião com a camiseta de seu projeto |
estudantes participam do projeto Visão Costeira |
Outra informação que também foi novidade no meu currículo
educacional e histórico sobre São Sebastião, foi descobrir que abaixo das ponte
submersas que ligam o território da cidade aos navios, acho que podemos chamar
isso de Porto, é que surgiu a proliferação de espécies de aves que estavam em extinção.
Agora não me perguntem o nome destas aves que não lembrarei, risos.
O Secretário de Meio Ambiente disse, de uma maneira
exemplificada, que a aula que é dada durante o passeio pode ser utilizada em
várias disciplinas na escola. “Eu digo as crianças que quando o navio está
carregado de petróleo, existe uma demarcação na embarcação que indica isso,
faço eles descobrirem qual é. Isso pode ser usada em uma aula de física”, contou
o idealizador do Projeto Visão Costeira.
A nossa “aula-passeio” durou cerca de quatro horas, mas eu
queria que durasse o dia inteiro. Ficava observando a costeira e ouvindo as
explicações do Secretário e analisava a mudança que o local teve em
poucos anos devido ao crescimento da cidade e os impactos ambientais. Isso me
fez pensar se, futuramente, a paisagem linda que eu vi, ainda irá existir.
A coordenadora do Projeto, Flávia Paes, contou outro fato
importante. “Nós já atendemos mais de 1,5 mil crianças dos 8° e 9° anos de São
Sebastião, só nos últimos dois anos”. Ela disse ainda que é muito divertido
oferecer à estes alunos uma aula diferente.
Olha, eu tenho certeza que estes jovens terão uma Visão
Costeira bem diferente a partir de agora. Além de dar a eles um dia divertido,
eles vão pisar em São Sebastião e lembrar que as atitudes que nós tomamos aqui,
se vistas de longe, podem refletir muita coisa!
Porto de São Sebastião |
Navio cargueiro atracado no Porto de São Sebastião |
Momento de descontração durante o passeio |
Alunos da Escola Municipal Cynthia Cliquet Luciano |