Abrem-se as cortinas e sonho vira realidade - Caraguá Beach
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Abrem-se as cortinas e sonho vira realidade


No palco, ela interpreta uma jovem freira que de puritana não tem nada. Fora dos holofotes, Maria Alayde Jacintho Barbosa, de 79 anos, realiza um sonho. “Durante a vida toda você deseja fazer teatro. Só aqui eu subi no palco para ser atriz”, comemora Alayde (à esquerda, na foto acima), com um sorriso no rosto.
Mas a atriz beirando os 80 não é a única idosa do elenco. Até porque a comédia “Lá Em Cima do Piano” tem como proposta reunir jovens atuando como idosos e esses atuando como os mais novos. Porém, como o grupo Cremi (Centro de Referência da Melhor Idade), que participa da peça, é formado exclusivamente por uma maioria de atores acima de 60, houve a necessidade de recrutar os adolescentes que fazem teatro na Fundacc. E a meninada aceitou de pronto o desafio. A grande cabeça do projeto é o professor de teatro da fundação, Heron Carrillo Pires, de 33 anos, que atualmente leciona no Cremi.
Na plateia, o sentimento é de orgulho e torcida. “É uma caravana. Quando você junta filho, neto e bisnetos, é tão empolgante, que se torna uma valorização para o idoso”, vibra o professor referindo-se a trabalhos anteriores.
Para ele, agora não será diferente. Heron acredita no mesmo clima no dia de estreia de sua montagem: 1° de outubro, não por coincidência, data em que se comemora o Dia Internacional do Idoso. O palco será o Teatro Mario Covas, no período da manhã, em horário ainda a ser definido. A entrada é franca.
Sem medo da velhice
O grupo de idosos que viraram atores reuniu-se pela primeira vez no final de 2013, lembra Heron, que assumiu o projeto de dar aulas de teatro para a melhor idade no Cremi. E parece que os resultados vão além do palco: “já houve casos de filhos relatando que a mãe estava depressiva, mas depois do teatro tudo mudou”, comenta Heron com entusiasmo.
A ideia foi tão bem concebida que o grupo se apresenta no Cremi toda vez que há um evento. Como exemplo, quando há uma palestra, os atores fazem uma performance relacionada ao tema abordado.
Por trás das coxias, existe muito trabalho. Segundo Heron, seu método de ensino baseia-se no Stanislavski, que consiste no teatro realista. Ou seja, o ator deve viver o personagem, procurando entender seus sentimentos e bagagens. Através dessa experiência estética, Heron acredita que é possível alcançar a humanização, a empatia.
Mas os idosos não têm moleza! Heron garante que não muda seus procedimentos ao dar aulas para os alunos, sejam jovens ou acima dos 60. A exceção fica por alguns exercícios que são modificados devido à limitação física de cada ator.
Muito mais do que ensinar, Heron aprendeu uma lição valiosa: “Eu perdi o meu medo da velhice”. O ensinamento veio de cada um dos atores sexagenários de sua turma. Entre eles, Maria Alayde, lembram-se?, a dona de casa que sempre desejou ver as cortinas abrirem-se para o seu sonho de ser atriz.

Repórter: Carol Souza Fotos: Carol Souza

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2 Caiçaras comentaram:

  1. Nunca é tarde pra gente realizar nossos sonhos... Adorei o post, lindo demais, mostra que a gente não deve desistir nunca, e que cedo ou tarde, tudo dá certo!

    http://luoucuras.blogspot.com.br/

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